Cerca de quatro mil pessoas, entre profissionais das áreas de educação e saúde, familiares de pessoas autistas e estudantes reúnem-se nesta sexta-feira (30), no Centroserra Convention Center, em Lages, para participar da 3ª edição do Seminário Regional sobre Autismo da Serra Catarinense.
O evento, promovido pela Assembleia Legislativa, por meio da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência, é considerado o maior evento sobre autismo em Santa Catarina, contando com palestras técnicas, exposições, apresentações culturais e debates. A edição deste ano, que reuniu especialistas de diversas áreas, como Medicina, Psicologia e Comunicação, teve como foco divulgar informações e fomentar o debate acerca de temas relativos ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) na perspectiva da inclusão social.
Na abertura, o deputado Lucas Neves (Podemos), que foi o proponente do evento, declarou que a grande presença de público demonstra a importância do tema para a sociedade.
“Essa grande quantidade de participantes que o evento conta ao longo do dia é sinal de que a sociedade está cada vez mais entendendo a necessidade de aprendermos, gerarmos a compreensão, a conscientização, sobre o que é o autismo. Porque é a partir disso que a gente consegue incluir e respeitar a pessoa autista. A sociedade tem buscado avançar nesse sentido e é o nosso papel, enquanto Assembleia Legislativa, fomentar a disseminação da boa informação a respeito da causa autista.”
Para a deputada Janice Krasniak (Podemos), que já atuou como presidente da Fundação Catarinense de Educação Especial, a Assembleia Legislativa cumpre o seu papel ao atuar na capacitação dos profissionais que atuam no atendimento de pessoas com deficiência.
“Infelizmente, muitos profissionais quando cursaram Pedagogia ou Magistério, não tiveram essa capacitação. E hoje a Assembleia Legislativa está fazendo esse papel, formando profissionais e dando a eles mais eficiência e qualidade em atuar com os alunos, não só com autismo, mas com todas as pessoas com deficiência, em diversas áreas.”
Opinião semelhante foi manifestada pelo deputado Thiago Morastoni (Podemos). “O autismo é uma realidade que a gente que está vivendo cada vez mais perto, de cada família, é algo que é relativamente novo. Há uma necessidade de aprendizado, capacitação, de orientação a toda estrutura pública. Então, um momento como esse, um debate de tamanha importância com palestrantes e debatedores tão profundamente conhecedores do assunto, sensíveis ao assunto, é algo realmente importante para a gente poder dar um passo além na definição de políticas públicas, de inclusão e de reconhecimento dessa necessidade tão presente na vida do catarinense.”
Presente ao evento, a prefeita de Lages, Carmen Zanotto (Cidadania), disse que o conhecimento e a rede de atendimento referente ao autismo vêm sendo construídos gradativamente ao longo dos anos e que, neste sentido, ações como o seminário são muito bem-vindas, sobretudo para o município serrano, onde pretende investir em um centro de atendimento para este público.
Essa pauta é muito intensa e exige de todos nós muitos desafios, e temos ainda muitas coisas pela frente porque a dificuldade do diagnóstico ainda é uma grande realidade para todas as famílias. E aqui no município de Lages a gente quer trabalhar com um centro de atendimento da pessoa com autismo ,que vai desde a necessidade do diagnóstico até o acompanhamento”, disse.
Inclusão
Um dos destaques da programação no período da manhã foi a palestra realizada pela psicopedagoga e especialista em neurodesenvolvimento, Luciana Mota Dias Brites. Ela falou sobre o Transtorno do Espectro Autista e comorbidades, com foco nas estratégias a serem adotadas em sala de aula.
Luciana, que também é autora de livros em neuroeducação, defende que todos os educadores, mesmo os que não atuam com crianças com necessidades especiais, deveriam receber capacitações como as ministradas no seminário.
“Eu sempre falo que é um presente você trabalhar com a inclusão, porque quando você consegue ensinar uma criança que tem dificuldade, algum tipo de transtorno, você consegue ensinar todas as crianças. Então, entender sobre autismo e os demais transtornos possibilita uma capacitação maior do professor para atender todas as crianças.”