As crianças vivem a pandemia e suas consequências de forma tão ou mais intensa que um adulto. Um dia saíram de casa com o material escolar e muita vontade de iniciar o ano letivo, rever os colegas, reencontrar os professores, sentar na cantina, e no dia seguinte tiveram que ficar em casa em confinamento.
A restrição de não poder ir e vir, a limitação de espaço e de convivência familiar, ficar longe dos avós, não poder brincar com outras crianças, regras de parques fechados, o medo de ser contaminado, de ver/perder seus familiares, tudo isso vivido dentro de suas casas, com todas as demais consequências advindas com a chegada da pandemia.
As crianças captam a ansiedade e preocupações dos pais, dos membros adultos que fazem a gestão da casa, e, que tiveram, por exemplo, prejuízos financeiros, perdas de emprego são alguns dos fatores que geram sofrimento mental nas crianças e adolescentes.
Este é um momento que todos nós estamos vivenciando pela primeira vez, e tudo o que desejamos além da vacina, é claro, é poder passar por isso com saúde mental e, principalmente, minimizar o sofrimento e estresse das crianças e adolescentes.
Algumas dicas para cuidar da saúde mental das crianças:
Seja verdadeiro com a criança, mas passe segurança ao falar com ela sobre as informações que ela acessa. Por exemplo: O Covid-19 realmente é muito grave, mas vamos seguir todas as regras de cuidados e tudo dará certo. A Criança precisa entender a gravidade para poder se proteger e compreender as mudanças em sua rotina. Claro, que para cada idade, uma linguagem adequada.
Permita que a criança se expresse, como chorar, sentir medo, raiva, angústia. O importante aqui é você tratar esse momento com afeto e compreensão, que alguém tão pequeno está sendo obrigado a conviver com uma nova rotina que causa tamanha insegurança.
Organize as aulas remotas com prazer. Quem tem crianças em idade escolar sabe o quanto estão “exaustos” para com as aulas mediadas por tecnologia. É internet que cai, é falta do recreio, de brincar, do campeonato de futebol, das festividades escolares. Realidade vivida há cinco meses. Para amenizar a exaustão organize um espaço especial de estudos/aulas junto com a criança. Não precisa ter um espaço grande, mobílias bonitas ou um escritório. Um lugar especial é aquele organizado com carinho para que alguém sinta-se bem. Deixe os materiais a disposição para facilitar, deseje uma boa aula e diga que se precisar de ajuda pode contar com você.
Rotina em casa. Quando escolhemos uma nova rotina com planejamento é muito fácil lidar com a mudanças, porém, desde que iniciou a pandemia com seus decretos de restrições para evitar o contágio e disseminação, as famílias tiveram que se adequar as exigências necessárias. O ideal é fazer essa nova rotina o mais leve e prazerosa possível. Experimente brincadeiras como jogos de tabuleiro, baralho, desenho, pintura, contação de histórias, fazer uma horta e tantas outras possibilidades.
Cuidado com o tempo e exposição das crianças com eletrônicos e internet. É fato que muitas crianças, com o confinamento, ganharam mais tempo para a utilização de eletrônicos, como vídeo game, celular, tablets, porém, quando em excesso, podem aumentar sintomas de desatenção, estresse e ansiedade. Dialogue para que a criança entenda que pode usar, mas combinem horários e tempo para a utilização. Deixe claro para ela que se não fizer isso pode ter problemas de saúde.
Deixe-a experienciar períodos sem muitos horários e regras também. Deixe ela escolher o desenho, filme, um joguinho, brincadeira, ou simplesmente escolher “fazer nada”.
O isolamento pode trazer impactos psicológicos e mudanças psicológicas avassaladores se não cuidados. É normal, neste momento, as crianças precisarem mais da atenção dos adultos. Não sabemos quando tudo isso vai passar, mas é possível seguirmos com maior consciência do nosso importante papel na vida de seres tão pequenos que precisam de acolhimento, segurança e ver em nós adultos alguém que os inspire confiança e esperança de dias melhores.