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SGT ALEXANDRE DA ROSA

As esposas sofridas da mineração

Esse texto é o reflexo de uma triste realidade existente em nossa cidade, sobretudo no Rio Maina, que são os crescentes casos de violência doméstica nos lares de mineiros aposentados.

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A identidade de Criciúma está muito atrelada ao passado de glórias da extração do carvão. O “ouro negro”, como outrora ficou conhecido, trouxe grande riqueza para a indústria, desenvolveu o comércio, impulsionou a geração de empregos, mexeu com a infraestrutura, elegeu políticos e transformou a política. Revolucionou a saúde pública ao mesmo tempo em que condenou a saúde de muitos. O mesmo produto que transformou a economia, também poluiu rios, contaminou o solo e devastou enormes áreas de vegetação. Contudo, há quem diga que a busca desenfreada pela “pepita negra” promoveu um grande desequilíbrio ambiental em nossa região.

Eis o produto que durante muito tempo patrocinou nossos domingos esportivos e nos apresentou o progresso, mas em contrapartida impôs estranhos hábitos e também costumes. Pois bem, se conversares com policiais que trabalharam na “Terra do Carvão” num passado não muito distante, você saberá o quanto era problemático atender ocorrências em bares. Isso porque esses locais eram redutos de mineiros.

Era uma época em que boa parte desses trabalhadores saia das minas direto para os “braços calientes” da losna, da raiz amarga, do agrião, do boldo, da casquinha de laranja, do conhaque ou até mesmo da cerveja. Como resultado, a briga iniciava na mesa de sinuca e terminava em casa. O João apanhava na rua e em casa descontava na Maria.

Inúmeras são as testemunhas oculares (filhos) desse estranho cotidiano. Marcas do passado que persistem em existir. Feridas não cicatrizadas causadoras de amarguras. Mulheres que abriram mão dos seus sonhos para se dedicar exclusivamente a família. Mulheres guerreiras, esposas parceiras e mães dedicadas.

A modalidade de policiamento comunitário, a qual o 9º Batalhão de Polícia Militar se tornou uma referência para as demais Unidades Militares do estado, tem proporcionado tanto a população como ao próprio policial a chance de poder ouvir e de também ser ouvido. Podemos chamar de a grande troca de conhecimento.

São relatos que mexem com o emocional de qualquer ser humano. Pessoas carentes de atenção por parte do companheiro, dos irmãos e principalmente dos filhos. Todavia, existe aquela situação que requer o ouvido aguçado de um profissional, seja ele psicólogo ou psiquiatra. Quem não se emocionaria ao ver sua mãe/avó dizer: “Ele não me ama mais; o álcool acabou com esse casamento; faz dois anos que os nossos filhos não nos visitam em razão das nossas brigas diárias. Eles nos largaram de mão; se sair de casa, para onde eu irei? Não quero terminar a minha vida em um asilo”.

Algumas dessas situações encaminhamos para o atendimento dos policiais da Rede Catarina, visto que determinadas situações necessitam da presença de uma policial. Não seria o momento de implantarmos políticas públicas voltadas especificamente para o enfrentamento dessa questão?

Com a palavra, os nossos vereadores!

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