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SGT ALEXANDRE DA ROSA

Heróis Despercebidos

O texto a seguir é uma forma de agradecimento a dois policiais militares que atuam na “Terra do Carvão”, e que diferente daqueles profissionais do caso George Floyd, estes intercederam positivamente em favor de uma vida.

Uma vida de invisibilidade e de nenhuma expectativa. Uma voz quase sempre apagada, de um futuro incerto e de lutas constantes. Nossos heróis atendem pelos nomes de Juliano Severo e Giliarde Conti.

Pois bem, se estivéssemos nos EUA, o presente relato iria se referir ao fato de que dois policiais brancos mudaram a realidade de uma pessoa negra. Contudo, no Brasil, a história é literalmente outra. Aqui esse tipo de ocorrido, tende a passar despercebido.

Há quem diga que isso é tipicamente coisa de brasileiro, visto que ficamos estarrecidos com problemas ocorridos em outros países e inertes com aqueles que estão a nossa volta. Hipocrisia? Comodismo? Ou despreparo daqueles que na teoria seriam os grandes responsáveis pela resolução do problema? 

Há cerca de dois meses, as pessoas da comunidade da Santa Luzia conviviam com um novo personagem em seu cotidiano. João da Silva (nome fictício), sujeito negro, morador de rua e natural de Araranguá. Dias quentes ou noites chuvosas, lá estava João descansando embaixo da marquise do Ginásio da principal escola da comunidade.

Assim como ele, outros moradores de rua ganharam notoriedade com o encerramento das atividades da antiga Casa de Saúde do Rio Maina. Saem os ditos loucos e em breve chegarão os nossos queridos velhinhos. Logo a alegria de uns apagará da memória da cidade a tristeza de outros, sendo a história de uma antiga estrutura novamente reinventada.

 Mas vamos nos atentar para a atitude dos dois militares, ambos, profissionais muito atuantes na comunidade em questão. Cientes do fato de que João necessitava de auxílio, visto que ele se encontrava em estado de vulnerabilidade social, o Sargento Severo e o Soldado Giliarde iniciaram as tratativas visando a sua internação.

Fizeram contato junto ao CAPS da cidade de Araranguá e logo obtiveram a informação de que havia a possibilidade de internação em uma clínica psiquiátrica. Mas para que isso acontecesse, era necessário que João fosse submetido ao teste do COVID-19. 

Eis o grande problema, já que não havia ambulância disponível naquele momento e o SAMU somente conduz pacientes em casos clínicos. Portanto, João precisa ser conduzido ao Laboratório da Prefeitura.

Obedecendo a hierarquia militar e após contatar a autoridade superior, estando eles nesse momento já devidamente autorizados, nossos valorosos policiais então puderam conduzir João ao destino esperado. Com o resultado negativo para o COVID-19, João fora encaminhado para o descanso merecido na Casa de Passagem.

Noutro dia, a guarnição do Rio Maina esperava a ambulância com o resultado do Covid-19 em mãos, podendo ele finalmente ser conduzido até a clínica psiquiátrica na cidade de Porto Belo.

Vidas importam, sejam elas negras ou não!

Precisamos respeitar nossos policiais, sejam eles brancos ou não!

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