Nas últimas semanas, os idosos rio-mainenses têm chamado a atenção das guarnições policiais. E não é por ocorrências envolvendo golpistas virtuais, tampouco por terem sido vítimas do golpe do bilhete premiado.
A razão parece banal, mas, na verdade, reflete uma realidade que nos traz grande preocupação: trata-se de lapsos de memória.
Pois bem, somente nos últimos três dias, testemunhamos dois casos.
Eles vão ao mercado, deixam o veículo no estacionamento, fazem suas comprinhas e, depois, saem pelo comércio para pesquisar outros produtos.
No trajeto, encontram velhos amigos, e antigas histórias são motivo de boas risadas.
“Recordar é viver”, diziam os nossos avós.
Entre uma conversa e outra, surge a ideia de passar rapidamente no caixa eletrônico.
De lá, atravessam a Avenida dos Imigrantes e caminham até a paróquia.
Com a conversa e as orações em dia, chega o momento de ir embora. É nesse instante que o veículo cai no esquecimento.
— Ai, meu Deus, roubaram o meu carro! — disse uma senhora desesperada, enquanto realizávamos rondas no centro do distrito.
— Deixei o carro estacionado por cinco minutos e, quando retornei, algum vagabundo o levou!
Como é difícil acalmar um idoso nesse momento. Não lembram da placa do carro, do CPF, tampouco do número de telefone de algum familiar. Tornam-se ansiosos, repetitivos e temerosos, sabendo que os filhos serão críticos ferrenhos.
Após acalmá-los, iniciamos juntos uma retrospectiva de suas andanças.
Eis que a memória volta a ser sua velha companheira:
— Bah, que vergonha... agora estou lembrando. Deixei o meu carro no estacionamento do mercado. Me perdoe.
Embora pareçam engraçadas, tais situações demonstram o quanto os nossos velhinhos necessitam de atenção.
Ainda que, por vezes, sejam vistos como rabugentos, felizes são aqueles cujos pais ou avós ainda estão vivos.