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SGT ALEXANDRE DA ROSA

O urubu encrenqueiro da Vila Francesa

Deixaremos por um instante o assunto Coronavírus e trataremos de outra questão, problema esse que também tem trazido grande dor de cabeça para as famílias criciumenses. Trata-se do aumento exacerbado do número de ocorrências envolvendo a invasão de animais em residências e/ou escolas.

Haveria razões para que os animais deixassem o seu habitat natural e viessem a se aventurar pelo misterioso território dos humanos? Sim, existem explicações. E são óbvias!

Crescimento desordenado, falta de planejamento no tocante a implantação de novos empreendimentos imobiliários, uso abusivo de agrotóxicos, queimadas e o famigerado desmatamento. Em resumo, morcegos, cobras, jacarés, urubus, lagartos, aranhas e abelhas, estão entre os principais visitantes indesejados. Tivemos inclusive a audácia de um jacaré, de querer “estudar em uma escola do São Simão, sem antes ter feito a sua matrícula escolar”.

Contudo, diferente do São Simão, no Comerciário, também soubemos que uma mãe se deparou com um morcego, no teto do apartamento, ao verificar o seu filho no berço. Será este o mesmo animal que fora encontrado morto dentro do calçado de um morador do Lote Seis? Ou não, ele seria apenas o integrante do grupo de outros mamíferos que costumeiramente se alimentam das suculentas ameixas existentes num terreno baldio, situado na Vila Francesa. Aliás, é nas imediações desse logradouro que há cerca de dois meses aconteceu um fato curioso.

Em janeiro, a prefeitura de Criciúma efetuou a retirada de dezenas de árvores que até então estavam plantadas às margens do rio que corta a comunidade em questão. Diariamente inúmeros pássaros faziam uso desses galhos tanto como local provisório para um rápido descanso, como também para permanente moradia.

Os moradores locais, dos mais novos aos mais velhos, usufruíam gratuitamente dos mais belos cânticos dos pássaros. Pode-se dizer que não deu tempo “nem do João de Barro assinar a sua Ordem de Despejo”.

Até que chegou o dia em que tudo mudou!

O canto do sabiá deu lugar ao barulho das máquinas, o verde cedeu seu espaço a um tom acinzentado e o sol apresentou aos moradores locais o semblante de um rio até então despercebido.

Dentre os pássaros que diuturnamente visitavam o local chamava a atenção um grande urubu. Segundo relatos de antigos moradores “era uma ave vigorosa, observadora e passava boa parte do tempo completamente imóvel”. Uns a chamavam de “Comendador” - enquanto outros de”Prefeito”.

Mas um dia o Comendador fez o que não devia. Nossa imponente ave de rapina havia saído à procura de seu almoço. Porém, quando ao retornar, deparou-se com uma imagem desoladora, ou seja, nosso personagem havia sido destituído de sua morada.

Transtornado por não ter aonde descansar, o personagem em questão procurou abrigo no primeiro lugar disponível. Visualizou a janela entreaberta do único condomínio do bairro e logo adentrou no recinto sem pestanejar. Cheio de melindres teria escolhido a cobertura.

O proprietário, que no momento havia saído para comprar os quitutes de um evento que iria ocorrer há noite, ficou enlouquecido ao visualizar tanta sujeira. Sua angústia por não encontrar a saída fez com que o comendador expelisse sua refeição sob a cama, o tapete e o corredor do edifício.

Será que a recepção dos convidados teria sido prejudicada devido à desastrosa atuação do grande Comendador?

Há quem diga que o corredor do edifício, depois desse ocorrido, jamais foi o mesmo.