O ano de 2020 deve desafios na vida de Sivandro Fachin Debiasi, 30 anos, acadêmico do curso de Engenharia Mecânica UniSatc: elaborar e apresentar o seu TCC, além de atender uma vontade própria, a prototipação de uma prótese de fibra de carbono para amputação de Chopart.
Sivandro é natural de Orleans e em 2016, enquanto estavam roçando o gramado do sítio da família, a navalha da roçadeira costal quebrou, atingindo o seu pé esquerdo e causando o amputamento de grande parte dele.
“A região do pé onde foi amputado, chamada de Articulação de Chopart, não possui comercialmente muitos modelos de próteses disponíveis. Alguns fornecedores inclusive, encorajaram-me a realizar outro procedimento médico para ajustar meu pé com as próteses disponíveis. Essas razões me motivaram a desenvolver uma prótese personalizada para mim”, contou.
Quando cursou a disciplina de CNC CAD/CAM, da 7ª Fase, que trata do modelamento tridimensional de objetos, peças e produtos, teve contato com o professor Daniel Fritzen, onde já o definiu como orientador do seu TCC. “Durante as aulas, o Sivandro já me procurou para expor o seu problema e alinhar quais ações deveríamos tomar para que conseguíssemos de fato fabricar sua prótese personalizada”, informou o professor.
Uma das primeiras decisões tomadas para a condução do TCC foi a necessidade de ter alguém da área médica trabalhando conjuntamente, para poder complementar os conhecimentos do curso. “O fisioterapeuta Marcos de Vila Oliveira é um amigo meu de longa data, e um profissional extremamente gabaritado e requisitado. Quando liguei para o Marquinhos e falei sobre a proposta de TCC, ele aceitou na hora e começamos as tratativas. Detalhe, ele estava no Japão a trabalho”.
Além de experimentos e análises na área mecânica, também foram realizadas atividades na área de biomecânica, orientadas pelo fisioterapeuta Marcos de Vila Oliveira.
“As próteses disponíveis no mercado para o tipo de amputação no pé que o Sivandro possui não permitem uma passada boa, são apenas próteses estéticas que causam um descompasso na marcha de quem usa. A primeira coisa que fizemos foi analisar a biomecânica do pé, de como funciona, de como os tendões, músculos e ossos interagem, para daí poder pensar em um modelo eficaz de prótese. Com esse entendimento claro para nós, definimos o modelo geométrico da prótese, de tal forma que ela ficasse confortável e eficiente para ser usada. A última etapa do projeto foi mensurar as forças envolvidas na articulação do pé e do coto, para poder definir quais as cargas que a prótese iria sofrer e qual a espessura segura de fibra de carbono seria necessária para fabricar o protótipo”, disse o fisioterapeuta.
O desenvolvimento do trabalho só foi possível com os conteúdos aprendidos nas disciplinas do curso, sobretudo em Resistência dos Materiais e CNC CAD/CAM, mas também com a colaboração do profissional da área de fisioterapia. “Me sinto realizado, pois atingi meu objetivo de projetar e fabricar uma prótese de fibra de carbono para amputação Chopart. Óbvio que precisa de melhorias e ajustes, mas a parte mais difícil já foi realizada”, conclui Sivandro.
Para o fisioterapeuta Marcos de Vila Oliveira, o tema abordado pelo Sivandro é relevante. “Ele tem uma prótese que vai suprir as necessidades dele, dando melhor qualidade de vida para ele, e ainda, pode ser uma inovação no mercado, beneficiando outras pessoas na mesma condição”.